Ronnie Lessa, ex-policial militar acusado de assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018, revelou que Domingos Brazão foi um dos mandantes do crime, de acordo com informações publicadas pelo Intercept Brasil nesta terça-feira (23), citando fontes ligadas à investigação. Essa não é a primeira vez que o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) é mencionado nas investigações do assassinato de Marielle.
O nome de Domingos surgiu após o depoimento do policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, conhecido como Ferreirinha, que acusou o então vereador Marcello Siciliano (PHS) e o miliciano Orlando Curicica como os mandantes dos assassinatos. A Polícia Federal (PF) suspeitou e concluiu, após investigação, que Ferreirinha e sua advogada, Camila Nogueira, faziam parte de uma quadrilha cujo objetivo era obstruir as investigações sobre a morte da vereadora.
Vereador, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1999-2015) e conselheiro do TCE-RJ, Domingos Brazão, de 58 anos, coleciona polêmicas e processos ao longo dos 25 anos de vida pública. Contra Brazão, já foram levantadas suspeitas de corrupção, o que resultou em seu afastamento e posterior recondução ao cargo de conselheiro do TCE-RJ, além de acusações de fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio.
Em março do ano passado, a 13ª Câmara de Direito Privado determinou o retorno de Domingos ao TCE-RJ por 2 votos a 1. A decisão encerrou o processo que pedia a anulação de sua nomeação ao cargo, para o qual foi eleito em 2015 com o voto da maioria de seus pares na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
O ex-deputado estava afastado desde 2017, quando ele e outros quatro conselheiros foram temporariamente presos como parte da Operação Quinto do Ouro, um desdobramento da Operação Lava-Jato no Rio.
Segundo o portal The Intercept, o advogado Márcio Palma, representante de Domingos Brazão, afirmou que não estava ciente dessa informação sobre a delação. Ele também mencionou que tudo o que sabe sobre o caso é o que acompanha pela imprensa, pois solicitou acesso aos autos e teve seu pedido negado, com a justificativa de que Brazão não era alvo da investigação. Em entrevistas anteriores à imprensa, Domingos Brazão sempre negou qualquer participação no crime.